O verbo não concorda com o sujeito. Muitos esssssses demais nesta frase. Mas cadê a frase? Mas será que se quis dizer alguma coisa? Mas será que se tem o que dizer?
Ele, ela, todos aqueles que escorregam nas concordâncias da língua portuguesa, o que pode acontecer a qualquer momento neste texto, basta não revisar ou mesmo deixar passar uma regrinha , uma exceção, se igualar aos poetas da vida, que não ligam para as gramáticas , mas se perdem no turbilhão das sensações, e compreendem que o essencial, o fatual, muito além do banal, do percentual, que o real….e será que esta frase nunca vai acabar nunca?
Escrever errado é que nem tirar fotos fora de foco. Pode haver beleza, sedução, imaginação. As idéias estão lá, virando poesia, se contorcendo atrás da névoa , pulando entre consoantes mal amarradas, erres que decidem não aparecer para a festa, acentos sacrificados sem dó nem piedade , pronomes bêbados, óóóóóóóóós com dores de barriga insuportáveis, o t e o p reunidos com o m no meio de um festival de siglas e tornando aqueles dias antes daqueles dias um inferno para toda mulher e seus parceiros.
Não há nada suave em escrever errado.
Acho que seria isso que eu quisesse dizê, não perderia meu tempo e meu trampo se mim, que não faz nada, quem faz sou eu, sabesse aonde se chegarei com tudo isso.
E tenhamos dito. Pelo não dito. Muito antes pelo contrário, às vezes.
João Knijnik é escritor, roteirista e professor de história do Cinema