O poeta Pedro Tostes fez esta brilhante tradução do poema de Charles Baudelaire com um tom bem mais contemporâneo e apropriado para as próximas gerações. Fica aqui registrado para a posteridade:
Encham a Cara
É preciso estar sempre bêbado. Tá tudo aí: essa é a parada. Pra não sentir a barra pesada do tempo que cai sobre os seus ombros te jogando no chão é preciso entornar o balde até chafurdar na lama.
De quê? De vinho, poesia ou virtude como você preferir. Desde que encha a cara.
E se alguma hora, na sarjeta duma mansão, num gramado bacana, ou no vazio quentinho do teu quarto, você acordar e o pileque tiver passando ou numa ressaca braba, pergunte pro vento, a onda, a estrela, o pássaro, o
relógio, pra tudo que foge, tudo que geme, tudo que rola, tudo que canta, tudo que fala, pergunta que horas são.
relógio, pra tudo que foge, tudo que geme, tudo que rola, tudo que canta, tudo que fala, pergunta que horas são.
E o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio vão responder:
– É hora de enfiar o pé na jaca! Pra não serem escravos sofredores do tempo encham a lata; bebam até cair! De
cachaça, poesia ou virtude, como quiser.
Charles Baudelaire, tradução Pedro Tostes
1 Comentário. Deixe novo
Simplesmente genial!!! Parabéns!!