Meu nome é Gal traz sentimentos conflitantes. Seria injusto dizer que a produção é ruim. A história da cantora na chegada ao Rio num cenário instável político encontrando toda a realeza baiana da MPB e os anos subsequentes da criação do movimento Tropicália são um belo pano de fundo para a trama. A escolha do elenco é outro ponto positivo para a produção, Sophia Charlotte parece personificar a melhor versão de Gal para o cinema possível. Os demais atores também têm a dose certa entre a aparência necessária, personalidade e talento, ainda que Sophia destoe em termos de acerto – o que é também em si positivo.
Tudo parece convergir para um filme memorável, certo? A sensação, porém, é que o filme todo é um golpe baixo. Ao focar nas cenas onde a atriz mimetiza a cantora em alguns dos seus principais hits, dá a sensação que a produção percorre o caminho mais fácil. As cenas obviamente apelam aos sentimentos – impossível não chorar ao escutar algumas das músicas que entraram para a história em sua voz.
A grande questão é a costura, ainda que tenham cenas interessantes e que eventualmente apresentem conflitos e momentos (que poderiam ser) de tensão, a sensação é que a obra acaba indo em linha à tradição de folhetim da nossa cinematografia – não à toa tem até a assinatura. Falta um pouco de sentimentos verdadeiramente conflitantes. Ainda que a obra possa escandalizar as pessoas mais insensíveis que certamente não são o público, tem-se a sensação de que tanto a personagem principal, quanto os demais, são poupados de conflitos, tensão e desconforto reais, assim como nas melhores biografias cinematográficas, ainda que para isso se adapte a história real.
Em termos de edição, podemos elogiar a mescla entre cenas antigas com outras usando técnicas da época. Ainda que, possivelmente, seja uma face positiva do mesmo método. Ou seja, em termos gerais, o sucesso de uma determinada fórmula por décadas acabou canibalizando o nosso cinema e algumas das boas oportunidades que ele teve e tem, como essa de retratar Gal Costa.
Levando em tudo isso em consideração, fica a questão essencial: será que esse é a melhor versão da Gal possível para o cinema? Afinal, estamos falando de uma oportunidade talvez única em alguns anos de retratar uma das vozes mais icônicas da música brasileira. Uma chance que dificilmente poderá ser suplantada por um novo projeto ao menos até uma próxima década.
A minha resposta para a pergunta é não e é isso que, ainda que a obra seja plausível, me dá a sensação de ser uma excelente chance desperdiçada.
3 Comentários. Deixe novo
Ainda não vi o filme, mas pretendo
Achei o filme raso .A biografia poderia ser apresentada de outra maneira .Na verdade gostei muito como homenagem , mas tá bem longe de representar uma das maiores vozes mundial. faltou o filme.Atores ótimos .Sim a direção só pegou carona . Como homenagem bacana.
Achei o filme raso.A biografia poderia ser apresentada de outra maneira .Na verdade gostei muito como homenagem , mas tá bem longe de representar uma das maiores vozes mundial. faltou o filme.Atores ótimos .Sim a direção só pegou carona . Como homenagem bacana.